segunda-feira, 3 de março de 2014




















Carta deixada por José Marcelo Leite e família para toda a comunidade e amigos (a). 

Bragança Paulista, 28 de janeiro de 2014. 



“Quero viver e morrer como filha da igreja católica”( Santa Teresa de Ávila) 

Desejo que esta Carta seja lida por todos aqueles que compartilharam do nosso trabalho pastoral e perceberam a sua seriedade. Já afirmei, em outras ocasiões, a importância de Teresa de Ávila em minha caminhada de fé. Não só dela, mas também de São Francisco de Assis, Santa Catarina de Sena e tantos outros. Quero viver e morrer como filho da Igreja católica. Esta frase é o retrato da minha alma. Sei que estou muito, mas muito distante da santidade de Teresa, e afirmo isso não por demagogia ou ‘falsa humildade’, mas com sinceridade de coração. Mas nisso também se manifesta a misericórdia de Deus: o nosso pecado pode atrapalhar, mas não pode nos impedir de amar Jesus e a Igreja. Desde quando eu tive o meu encontro pessoal com Jesus, aos treze anos de idade, no mês das Missões (outubro) de 1985, em um Congresso Vocacional na Casa da Mãe, o Santuário de Aparecida, portanto há 28 anos, nunca mais fui o mesmo e vivo para testemunhar que a maior graça na vida de um homem e de uma mulher é o encontro pessoal com Cristo na Santa Igreja Católica. O diálogo de Jesus com a samaritana torna-se real em nossas vidas: somos ‘batizados’ na água viva que é o Espírito Santo. E o bonito: experimentamos o poder das palavras de Jesus: “...do seu interior jorrarão rios de água viva “. O Espírito Santo vem do interior, pois pelo Batismo, Ele já está em nós, aguardando a nossa abertura de coração para nos possuir por inteiro. 

O querido Francisco de Assis está na origem desta minha experiência fundante de Deus. Foi depois de ler um livro sobre sua vida e pedir sua intercessão, que eu fui parar no encontro em Aparecida. Vejam a pretensão que eu tinha, coisa de adolescente: ‘Francisco, quero amar Jesus como você amou’, era a minha oração a São Francisco de Assis. Naquele encontro, inesquecível para mim, o pregador foi o Padre Léo, que na época nem Padre era ainda, nós o chamávamos de Frei Léo. Na ocasião, meu sonho era ser ‘franciscano’, e mesmo que um dia eu não fosse Padre, havia prometido ao Senhor que eu seria ‘franciscano’ de coração. E mesmo casado, é o que eu procuro viver até hoje. São Francisco de Assis, em seu tempo, reproduziu, como ninguém, a imagem de Jesus no meio dos homens. Há uma canção do Padre Zezinho cuja letra afirma: 
Nenhuma palavra é capaz de explicar Jesus, e só quem provou sabe a graça infinita que é andar com Jesus... Quando o Papa Francisco falou de ‘uma Igreja pobre para os pobres’, ele resgatou a virtude fundamental do cristão, virtude que faz Deus apreciar em nós aquilo que Ele tanto apreciou na Virgem Maria: a humildade, a pobreza do Evangelho, a simplicidade de vida e de coração, o despojamento para que o irmão tenha vida e Deus seja sempre o Tudo de nossas vidas! 

E neste sentido, não posso deixar de falar de Santa Madre Paulina que viveu em Bragança nove anos. Ela foi vítima não da Igreja, mas de alguns que, mesmo estando dentro da Igreja, não tinham a Igreja dentro de si, mesmo trabalhando para Deus, não trabalhavam com Deus. Eu me deparei com situação semelhante em Bragança Paulista e sofri um pouco por isso. Paulina testemunhou com seu silêncio, sua oração e sua dedicação aos irmãos mais necessitados a humildade que, no dizer de Santo Agostinho, “é a mãe de todas as virtudes”. 

Já fazia algum tempo que estava inquieto por partir, Assim como Paulina, havia completado nove anos em Bragança. Lembrei-me também do querido Dom Bruno Gamberini, um Bispo que nos marcou por sua simplicidade e amor ao povo, que viveu em Bragança também nove anos. Nove é 3x3, e o número três nos remete à Santíssima Trindade. Confesso: tenho alma missionária. Quando entrei no seminário, inicialmente um dos meus sonhos era ser ‘padre missionário’. Deus me deu uma esposa que compartilha dos meus sonhos de missão. E quando se tem alma missionária, é difícil permanecer muito tempo no mesmo lugar.

A vida é feita de alegrias e tristezas. Evidentemente que aqui em Bragança, como nos outros lugares por onde passei, tive decepções. E, às vezes, as decepções pesam um pouco em nossas decisões. Elas são um ‘mal necessário’, pois nos ajudam a amadurecer, a colocar os pés no chão, tomar fôlego e continuar. O fato é que o cristão nunca deixará de conviver com perseguições, principalmente se for alguém que lutar, ate mesmo contra si próprio, contra suas misérias, para ser coerente com o Evangelho. 

Agradeço de coração a todos os amigos. Lembro-me do que disse o saudoso Padre Léo: “É uma graça ter amigos que são amigos de Jesus”. Amigos em Bragança, para mim, foram todos aqueles que rezaram por nós, que torceram por nosso trabalho de evangelização, que colaboraram, de alguma maneira, para que a Santa igreja, como Mãe e Pastora, pudesse atingir os afastados e trazê-los de volta para os ‘braços do Pai’ e para o ‘colo da Mãe’. 

Agradeço igualmente aos ‘inimigos’. Sei que esta palavra é ‘pesada’, mas nosso Senhor Jesus Cristo disse que precisamos rezar por eles e se eles nos fazem mal, devemos retribuir com o bem. Por que agradeço aos ‘inimigos’? Porque a evangelização que praticamos os incomodou. E se um cristão não estiver incomodando ninguém, pode ser sinal de que ele não está sendo um autêntico cristão. 

Agradeço você que lê esta carta. Seria injusto se eu citasse nomes, pois em Bragança há muitas pessoas santas, pessoas de um bom coração. Agradeço todos aqueles que fizeram o bem aos meus filhos, á minha esposa. A distância pode nos separar, mas a lembrança e a oração de uns pelos outros nos manterá unidos. Peço a Deus que a Quinta-feira de Adoração, que desde o seu início, com vinte pessoas, já nos fazia ter a certeza de que se tratava de uma ‘Obra de Maria’, possa continuar, permanecer, trazer pessoas para Deus e para a Igreja. Rezo, de todo o meu coração, por todos aqueles que darão continuidade a esta Obra. É preciso descobrir ou redescobrir sempre a beleza e a verdadeira riqueza da Igreja Católica que é seu patrimônio espiritual, sua doutrina, sua Tradição, seus sacramentos, dentre eles a Santíssima Eucaristia, seus mártires e santos, o povo de Deus que tem sido tão amado pelo Papa Francisco. 

Peço perdão a Deus e a todos vocês. Perdão por não ter sido o irmão que eu precisava ser. Perdão àqueles que não consegui visitar nem atender. Perdão pelos meus contra-testemunhos. Perdão ao Padre Jose Roberto por aquilo que deixei a desejar na Pastoral. Perdão ao Frei Carlos, sempre tão solícito e amável com a Quinta-feira de Adoração. 

Não poderia ser diferente, dedico o último parágrafo desta carta a Jesus e Maria. Costumo terminar minhas cartas, meus e-mail’s assim: Em Jesus e Maria Eu, já na minha adolescência, sonhava ser como Maria para o meu Senhor. Maria é o nosso espelho, a discípula fiel e porque fiel, a mais perfeita discípula do Senhor. Maria não hesitou em entregar-se a vontade de Deus. Há uma canção que gosto de cantar: Eu canto louvando a Maria , minha Mãe, a Ela um eterno obrigado eu direi. Maria foi quem me ensinou a viver, Maria foi quem me ensinou a sofrer. Muito cedo, eu convivi com o sofrimento. Eu sou alguém que jamais quero sair da ‘escola de Maria’, escola de vida cristã. Maria deu tudo para Jesus e por Jesus. Entregou-se totalmente a Deus. Nós sabemos que quando abrimos o coração ao Espírito Santo, Ele suscita em nós o desejo de uma entrega total ao Senhor. Que Nossa Senhora nos ajude a viver os nossos dias assim: sempre na entrega total ao Senhor, sempre na busca da santidade. Amém. 

Em Jesus e Maria, 

José Marcelo Leite. 

“Se morro, morro pela Igreja” (‘Santa Catarina de Sena) — com Paroquia Coração Imaculado De Maria.

Um comentário:

  1. Esta página foi escrita para você e para seus amigos e parentes para que possam ler, meditar e comentar.

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